sexta-feira, 8 de março de 2013

Filhos, herança do Senhor





Por Angela Vauthier



Salmo 127.3-5

Herança é o conjunto dos bens, dos direitos e das obrigações que, à morte de uma pessoa, são transmitidos aos respectivos herdeiros ou legatários, isto é, pela via da sucessão. Herança é, portanto, o direito de herdar (receber algo de uma situação anterior).
Para a Biologia, a herança é composta pelos caracteres fenotípicos e do genoma que os seres vivos recebem dos seus progenitores. Este tipo de herança transmite-se através do material genético que se encontra no núcleo celular e que supõe que o descendente terá características genéticas de um dos parentes (os pais) ou de ambos.
Outro uso do termo herança diz respeito aos hábitos culturais, sociais ou econômicos influentes num momento histórico e que têm origem em etapas prévias.
Por outro lado, a herança também é composta pelas características morais, ideológicas ou de outro tipo que, pelo facto de caracterizarem uma pessoa, é possível constatá-los nos descendentes.

A mulher foi dotada por Deus de um grande privilégio: o de ser mãe! Quando ela descobre que está grávida, ela passa por momentos de preocupação, pois esse novo ser que está se formando em seu ventre depende dela para se alimentar, ter um bom desenvolvimento físico e emocional. Mas também, ela tem momentos de muita felicidade, como: ouvir pela primeira vez as batidas do coraçãozinho dele; sentir seus primeiros chutes; ele se mexer em seu ventre mudando de posição para melhor se acomodar. Mãe e filho têm uma relação forte de amor e carinho que será marcado para toda a vida.

O momento do nascimento é o mais marcante, é quando eles, que já se amam há meses, vão se ver pela primeira vez. É um momento sublime e inesquecível quando sentem o calor um do outro, o cheiro do bebê com “aroma de vida” invade as narinas da mãe e as lágrimas de alegria dela consagram aquele momento tão aguardado. O pai também ama o filho, mas foi com a mãe que ele teve uma ligação intensa durante toda a gestação.

E o que dizer dos pais adotivos? Embora não tenham passado pelo processo de uma gestação real, em seus corações a gravidez aconteceu, pois durante o tempo de espera para receber em seus braços a criança tão desejada, o amor era tão intenso que não importava se ela iria ter o sangue ou as características deles, mas sim, que iria ser amada incondicionalmente, pois mais que um filho biológico é um filho do coração.

Os filhos são herança do Senhor, são dádivas que o Senhor nos dá para que cuidemos com carinho e zelo em todas as áreas de sua vida: moral, emocional e espiritual. É dever dos pais prover o sustento dos filhos, cuidar de sua educação e saúde, afinal, a criança não tem independência para guiar a sua vida. Além de todo o cuidado com o desenvolvimento intelectual e físico da criança, os pais têm uma responsabilidade de peso incalculável: encaminhá-lo na vida espiritual (Pv 22.6; Dt 6.5-9).

Deus não lhe deu filhos como posse, mas como um presente dEle que você vai cuidar por um tempo, devolvê-lo depois, pois não é seu; assim como Ana que entendeu que Samuel não era seu e o entregou ao Sacerdote Eli para ser criado no templo ( I Sm 1.21-28) e Abraão que levou o seu filho Isaque para o sacrifício (Gn 22.6-8).

A Bíblia nos mostra exemplos de pais, alguns que erraram na educação de seus filhos e outros que acertaram. Vejamos:

·         Isaque e Rebeca (Gn 25.27,28) – Apesar da promessa do Senhor feita a Rebeca que de seus filhos sairiam duas nações e que o mais velho serviria ao mais novo, ambos escolheram o filho favorito para si e isso foi tão claro que Isaque quando sentiu que estava próximo de morrer, chamou apenas Esaú para pedir-lhe que caçasse e fizesse sua comida favorita para depois o abençoar. E Rebeca ao ouvir aquilo, resolveu fazer justiça, pois Esaú havia vendido o seu direito de primogenitura para Jacó. O resultado dessa maneira desastrosa de preferir um filho mais que ao outro, foi a separação dos irmãos antes que houvesse uma tragédia maior.

·         Jacó, agora Israel, cometeu o mesmo erro de sua mãe Rebeca na criação de seus filhos (Gn 37.3). Mesmo sendo um plano de Deus levar José a ocupar o posto de Governador no Egito para que sua família e os povos daquele lugar não perecessem de fome (Gn 45.5,7), Jacó contribuiu para que os seus filhos cultivassem ódio em seus corações e por pouco não matassem José. Deus foi tão misericordioso que todos tiveram a chance de se arrepender e pedir perdão a José pelo que tinham feito. “Fazer comparação entre filhos ou ter predileção por algum, trará consequências amargas” (Transcrito).    

·         Anrão e Joquebede ensinaram aos seus filhos o valor de uma família e o temor ao Deus Todo-Poderoso, pois não permitiram que o seu filho fosse morto, escondendo-o em casa o máximo que puderam; e quando Joquebede preparou o cesto para por Moisés no rio, ela demonstrou todo amor e cuidado com a criança, pois protegeu o cesto para que a água não entrasse nele e o bebê não se afogasse. O mais importante é que Miriam, sua irmã mais velha, ficou vigiando o cesto para protegê-lo e quando a filha do Faraó o tirou do rio, ela com toda esperteza se ofereceu para ir buscar uma hebréia para cuidar dele, e claro que levou a própria mãe na intenção de ter o seu irmãozinho por perto e não ver sua mãe triste por perder o filho (Êx 2.7,8).

·         Eli mesmo sendo um sacerdote e estar constantemente na presença do Senhor, não tinha o controle de sua própria casa, pois os seus filhos eram ímpios (I Sm 2.12;13a;22-24). Quando ele soube o que os seus filhos faziam, os repreendeu, mas de nada adiantou (I Sm 2.25b).

·         Mardoqueu, embora solteiro, criou sozinho a Ester como sua própria filha (Et 2.7). Ele passou para ela todos os valores morais e espirituais de seu povo e ela o obedecia como a um pai (Et 2.10,20). E foi por obedecê-lo, que conseguiu salvar a si mesmo e ao seu povo das mãos de Hamã.

·         , considerado por Deus como um homem incomparável em integridade e conduta cristã, exercia o papel de um verdadeiro sacerdote do lar (Jó 1.5). É dever do pai, ensinar aos seus filhos a caminhar na presença de Deus, e claro, ser exemplo em casa, para que os filhos possam se espelhar nele, afinal, ele é o cabeça do lar (Ef 5.23).

Se os filhos são herança do Senhor, não podemos criá-los de qualquer maneira (Ef 6.4). Porém, da mesma forma que os pais têm a responsabilidade com os filhos de cuidar, proteger e prover o sustento, e o conforto, os filhos também têm o dever de honrá-los (Ef 6.1-3), afinal de contas, se hoje existimos, foi porque os nossos pais nos deram essa oportunidade.

E como filhos de Deus, estamos nos portando como filhos mimados, rebeldes, querendo ter o favoritismo, chamar a atenção do nosso Pai apenas para nós e ter todos os nossos caprichos satisfeitos, ou estamos mostrando ao mundo que herdamos de nosso Pai o amor, carinho e compreensão que Ele tem por todos e os trata da mesma maneira e os perdoa sem fazer acepção? Temos evidenciado ao mundo as características do nosso Pai ou temos vivido de acordo com a nossa própria vontade?