quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Derrubando Muralhas



Por Angela Vauthier



O que são muralhas? São edificações reais construídas para a proteção de uma cidade ou patrimônio, seja ele público ou particular. Mas também podem ser barreiras, visíveis ou não, fruto de circunstâncias criadas por nós, ou impostas a nós por terceiros.



Na Bíblia Sagrada temos vários exemplos de personagens que com fé e determinação, derrubaram as muralhas que lhes impediam de receber a vitória. Dentre esses personagens, hoje vamos falar um pouco sobre Noemi e Rute.



Duas mulheres com muitas diferenças de idade, fé, nacionalidade, que em comum só tinham mesmo o amor por um homem: Malom (filho de Noemi e marido de Rute). Ao ficarem viúvas, Noemi decide voltar para sua terra, afinal era estrangeira em Moabe. Mas como seria a sua vida a partir de agora? Viúva, sem filhos, velha, como sobreviver?



Suas noras começaram a segui-la na viagem de volta a Belém, mas Noemi começa a refletir nas dificuldades que elas iriam passar juntas e decide “liberá-las” do compromisso familiar. Para Noemi o seu futuro estava repleto de muralhas que para ela eram impossíveis de ser derrubadas (Rt 1.7-13).



Para Noemi, não existia perspectiva de um futuro seguro, confortável, para ela não tinha como existir um recomeço. Noemi, inconscientemente ergueu a “muralha do pessimismo”, da falta de expectativa. Muitas vezes passamos por momentos assim em nossas vidas, o erro não está em se sentir desanimado momentaneamente, mas acreditar que essa situação é permanente.



Mas quando Deus tem um plano para cumprir, Ele não permite que muralha alguma impeça o Seu agir. Rute, mesmo sofrendo com a dor do seu luto, não se deixou contagiar com o desânimo de Noemi. Se pararmos para analisar, a sua situação ainda era mais complicada que a de Noemi, pois agora os papéis haviam se invertido e Rute passaria a ser estrangeira em Belém e com algumas desvantagens: jovem, viúva e idólatra.



Quem do povo de Israel se atreveria a casar-se com alguém que não pertencesse à linhagem do povo de Deus? Malom e Quiliom se casaram com as moabitas pois ficaram sem pai e eram estrangeiros por lá, porém não tiveram filhos e nem deixaram nenhuma herança para suas esposas e sua mãe. Sua árvore genealógica foi cortada e suas raízes arrancadas da história do povo de Israel. Não puderam perpetuar seu sangue, seu nome, sua geração.



Rute, mulher corajosa e determinada, resolveu derrubar a muralha que a impedia de ter um futuro melhor (Rt 1.14-17). Interessante é perceber que mesmo com toda a idolatria de sua terra, Rute tinha mais ânimo e vivacidade que Noemi.



Agora era chegada a hora de derrubar outra muralha: a do “desemprego”. Rute não era uma mulher preguiçosa, ela bem que podia ficar em casa, fazendo apenas os serviços domésticos, pois ela não conhecia ninguém naquele lugar e nem os costumes. Mas mesmo assim, teve disposição para buscar o alimento para ela e sua sogra. (Rt 2.2).



Quantas vezes queremos melhorar de vida, mas ficamos de braços cruzados e não vamos à luta?! É necessário fazermos a nossa parte, dar o primeiro passo, ir em busca de nossas realizações. E aí sim, Deus nos surpreende e recompensa nossos esforços (Rt 2.12).



Quando saímos do comodismo e partimos para realizar nossos planos com a direção do Senhor, o resultado é surpreendente! (Rt 2.19,20).



Rute também derrubou uma outra muralha: a “do orgulho”! Com o final da colheita, ela e sua sogra não tinham mais de onde tirar o sustento.



Foi aí que Noemi teve a ideia de casá-la com Boaz, pois ele era o parente próximo, o resgatador (Rt 3.1-5). Ela podia muito bem casar-se com quem desejasse, afinal era estrangeira, era ela quem estava mantendo a casa e não era obrigada a ouvir Noemi. Mas quando se dá ouvidos a quem tem experiência e se quando se porta com dignidade, as pessoas observam e reconhecem o valor devido (Rt 3.10,11).



Rute foi recompensada por seu amor à sua sogra, seu respeito e obediência em tudo o que Noemi instruiu. Ela também derrubou a muralha do preconceito de que não se pode mudar, deixar as velhas práticas, pois a bênção do Senhor estava sobre ela desde que ela abriu de tudo e declarou que o Deus de Noemi também seria o seu Deus.



Deus mudou a sua história e de sua sogra. Rute com sua simplicidade e virtude, ganhou a admiração e o amor de Boaz. Se ele não a amasse, teria dito logo de início ao outro resgatador que Rute fazia parte do negócio (Rt 4.1-11a).



O nosso Deus é o Deus das coisas e causas impossíveis. Ele faz como quer, muda histórias, quebra barreiras e derruba muralhas (Rt 4.13-22).



Ele é o Autor da História, o Protagonista que não precisa de dublê para realizar as cenas mais difíceis e arriscadas. No Seu script, o destino dos personagens foi alterado por Sua própria vontade: Noemi voltou a se sentir viva e feliz, e foi amparada em sua velhice, ganhou um lar; Rute teve uma experiência de fé com o Deus Vivo e como resultado teve uma mudança radical em sua vida, ganhou uma nova chance de escrever sua história, casou, tornou-se mãe e por incrível que pareça entrou para a história da família de Jesus; e Boaz, que cumpriu o seu papel de resgatador com humildade e obediência a Deus, teve o seu nome perpetuado por gerações.



“Não esqueça que a grande arma para derrubar qualquer muralha é a fé, que mesmo sendo pequena, quando colocada em prática, tem um poder maior que um míssil”. (Angela Vauthier)