terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um Chamado Que Mudou a História





Por Angela Vauthier

I Samuel 20:13b, 14, 15, 23

Todo casal quando descobre que vai ganhar um bebê, principalmente quando é o primeiro filho, fica encantado com a notícia; e a partir daí começam os sonhos e planos para o futuro membro da família: imaginam como será a carinha dele, a cor dos olhos, do cabelo, com quem vai se parecer se com o pai ou com a mãe, se vai ser muito peralta, se vai ser dedicado aos estudos, escolhem o nome e idealizam um futuro brilhante e promissor para a criança. Ah! E o desejo principal de todo casal é que o filho nasça com saúde.

A chegada de um filho traz alegria para toda a família, não apenas para o casal, pois todos passam a sonhar juntos com esse serzinho que durante 09 meses está se desenvolvendo na barriga da mãe e quando nasce já é tão amado que todos querem dividir com os pais alguns momentos de mimo com o bebê.

Com o passar do tempo, a alegria das primeiras palavras, dos primeiros passos, das primeiras gracinhas vão fazendo parte do dia-a-dia da família e sendo compartilhada com parentes e amigos.

Com Mefibosete não foi diferente. Filho único de Jônatas, neto do rei Saul, desfrutava de todo luxo e conforto que uma família de linhagem real pode proporcionar. Jônatas e sua esposa devem ter feito muitos planos para Mefibosete, afinal era uma criança saudável e como homem, deveria seguir os passos do pai: ser um guerreiro valente e destemido do Exército de Israel.

Mas nem sempre os nossos planos dão certo. Circunstâncias alheias à nossa vontade impedem que coloquemos em prática os nossos projetos.

No caso de Mefibosete, a sua vida iria passar por uma grande transformação. Todos os planos que seus pais e familiares tiveram para a sua vida caíram por terra no dia da morte de seu pai e do seu avô. Apesar de todo o cuidado e carinho que sua ama tinha por ele, infelizmente ela não conseguiu protegê-lo devidamente. Em seu desespero, deixou a criança cair e isso resultou numa marca fatal e eterna para Mefibosete: uma deficiência em seus pés (II Samuel 4.4).

Acredito que sua ama se sentiu culpada para sempre por ter causado essa deformidade em seus pés. Quantas vezes ela não o ouviu chorar ou lamentar por causa de sua limitação motora? Quantas vezes ele não desejou voltar a ser saudável e ela não chorou amargamente desejando se possível, trocar de lugar com ele?! Como explicar para uma criança que ela nunca mais voltará a andar como antes? Como se sentir em paz, sabendo que por sua culpa essa criança cresceria aleijada e não poderia ser um guerreiro valente do Exército de Israel?

Claro que a história de Mefibosete poderia ter um desfecho pior, caso a sua ama não tivesse fugido com ele: a morte lhe esperava.

Talvez Mefibosete tenha se tornado uma criança introspectiva, sem alegria para brincar com as outras crianças. Enfrentou a adolescência com seus traumas e os olhares piedosos ou até mesmo de rejeição de alguns. Talvez tenha se perguntado inúmeras vezes porquê tinha recebido esse castigo tão grande!

Além de ter perdido os pais e a mobilidade, Mefibosete também perdeu a sua identidade. Sem os pais, avós, irmãos ou qualquer outro parente, passou a viver de favor na casa de Maquir quando na verdade era herdeiro de seu avô, das suas terras, e através delas poderia prover o seu sustento (II Samuel 9.3,4). Aquela criança que antes era o neto do rei, que vivia cercado de luxo e de empregados, agora era um homem como outro qualquer em Israel.

Mas em nossa vida tudo tem um propósito e nós não temos o poder de saber o que o futuro nos reserva. E chega na vida de Mefibosete o grande dia em que a sua história ganharia um novo capítulo: o rei Davi, que não esqueceu do pacto feito com Jônatas, descobre que Mefibosete está vivo e manda chamá-lo à sua presença.

Quantas perguntas não devem ter passado na cabeça de Mefibosete até chegar à presença do rei Davi? Seu coração deve ter batido mais apressado, o temor deve ter se apoderado dele, afinal, a fama de Davi e tudo o que ele passou nas mãos do avô de Mefibosete devem ter chegado ao seu conhecimento e ele devia estar temendo por sua vida nesse .momento (II Samuel 9.6, 7a).

Mas quando Deus traça um plano para a vida de alguém nada O impede de cumpri-lo (Jó 42.2); e o que Ele tinha traçado para Mefibosete era muito maior do que todo o sofrimento que ele já tinha passado até aquele dia (II Samuel 9.7).

Mefibosete deve ter ficado surpreso, seu coração deve ter acelerado muito mais, a alegria deve ter invadido a sua alma, agora ele teria uma nova vida; mas imediatamente todo esse misto de surpresa e felicidade deu lugar a tristeza, ao complexo de inferioridade, ao sentimento de que não é merecedor de boas dádivas (II Samuel 9.8).

Deus tinha reservado para Mefibosete um outro destino, quando ele pensava que iria viver de favor para sempre, como órfão, defeituoso, o Senhor como num piscar de olhos, muda completamente o seu estado. De órfão, ele passa a ter um pai e irmãos; de um israelita comum, passa a ser filho de rei; resgata a sua identidade; de morador de favor ele passa a sentar-se na mesa do rei e circular livremente pelo palácio; de desprovido de um futuro próspero, passa a ter servos e renda própria para o seu sustento (II Samuel 9.9-13).

Deus também sonhou com o nosso nascimento, planejou a nossa vida, nossa trajetória (Salmo 139.13-16), mas assim como foi com Mefibosete, na nossa vida também acontecem fatos que nos deixam marcados.

Decepções, traumas e problemas difíceis de resolver, nos aleijam os pés e nos impedem de caminhar perfeitamente. Nos sentimos sozinhos, sem identidade e nos questionamos se somos merecedores de tanta humilhação. Muitas vezes o diabo tenta nos influenciar, nos levando a pensar que somos órfãos, que Deus nosso Pai nos abandonou e que a nossa condição de "deficiência" é permanente. Nos instalamos na "Lo-debar emocional", como se fosse uma morada eterna de uma tal maneira, que afeta a vida espiritual. Passamos a viver "de favor" das orações dos outros, dos testemunhos e milagres dos outros, das experiências de fé dos outros, pois nos sentimos como um cão morto e indignos do direito de viver a nossa própria experiência.

Mas chega o dia em de que o Rei Jesus que não esqueceu da aliança feita com o Pai (João 14.18) nos manda chamar da terra de Lo-debar até à Sua presença, e a partir daí muda toda a nossa história. Passamos a viver em família, a ter direitos como filho do Rei, de sentar à Sua mesa e desfrutar do banquete que Ele tem preparado para nós (Salmo 23.5).

Jesus o Rei, não permite que continuemos vivendo em humilhação, o Seu chamado nos dá uma nova vida, nos transforma em príncipes e princesas com livre acesso ao Palácio Real.

O chamado do Rei sempre traz uma mudança para a vida daquele que O atende (Mateus 11.28-30):
* Mateus deixou de ser coletor de impostos para se tornar um Evangelista (Mateus 9.9);
* Pedro andou sobre as águas (Mateus 14. 28,29);
*Bartimeu recebeu a visão (Marcos 10:46-52);
* Zaqueu ganhou a salvação ao ouvir o chamado para descer da árvore (Lucas 19.1-10);
* A Samaritana ganhou respeito e credibilidade na sociedade após ouvir o chamado de Jesus para matar a Sua sede (João.4.7-26; 28-30; 39-42);
* O paralítico no Tanque de Betesda recebeu a cura (João 5.1-9);
* Lázaro tornou a viver após ouvir o chamado para sair do túmulo (João 11.38-44);
* Saulo de Tarso passou de perseguidor dos cristãos a perseguido após ouvir o chamado do Senhor na estrada de Damasco (Atos 9.1-16).

Não importa qual a condição que você esteja: de tristeza, humilhação, pobreza, morte; ao ouvir o chamado do Rei a sua história vai tomar um novo rumo e a partir desse momento, todos verão que você tem uma identidade real.

Por mais que você demore em Lo-debar, o momento do Rei mandar lhe chamar à Sua presença chegará em sua vida e quando isso acontecer, será tão marcante e maravilhoso, que todo o sofrimento não será nada, comparado ao que você passará a viver.

I Samuel 2.2,8