segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Evangelho de Jesus X Evangelho do Comércio




Por

Angela Vauthier

Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas,
e lhes disse: "Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’". (Mateus 21:12,13)

Geralmente esse texto se aplica aos mercenários travestidos de pastores que enganam aos incautos e assim lhe tiram tudo o que podem "vendendo" um Evangelho totalmente distante daquele que o Senhor Jesus ensinou.

Hoje o que vemos é uma "febre" de "cristão-ostentação", onde o sinônimo de ser abençoado por Deus tem sido passar uma imagem de possuidor de muitos bens. Associam prosperidade com riqueza e que quanto mais você possui, mais próspero você é. E esquecem que ser próspero não significa ser rico, mas sim, conseguir frutificar tudo quanto chegar às suas mãos para fazer.

Cresci num lar cristão e lembro que naquela época ser cristão em algumas denominações mais rígidas, era sinônimo de se despir da vaidade. Nada de maquiagem, corte de cabelo, bijouterias, roupas que mostrassem a modelagem do corpo, enfim, as mulheres que decidiam se tornar cristãs iam por fé e não porque o estereótipo das "crentes", como assim eram chamadas, fosse um atrativo para que quisessem se espelhar.

Confesso que para mim por muitos anos foi muito complicado, pois muita coisa eu achava ser apenas invenção humana, porque tudo é vaidade mesmo como diz na Bíblia: "Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade".(Eclesiastes 1:2).

Posso ser evangélica, me vestir de maneira atual, mas sem precisar ser vulgar, pois a Bíblia também me deixa uma mensagem muito clara: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo. (I Coríntios 6.12, 19,20).

Os anos foram passando, surgiram inúmeras denominações evangélicas com doutrinas e liturgias mais atuais e muitas mulheres dessas novas denominações passaram a ser, digamos assim, "modelo" para muitas mulheres que já eram cristãs e outras que decidiram seguir o Evangelho. Mas o que tem me incomodado muito ultimamente é o quanto essas "modelos" estão NEGOCIANDO o Evangelho, fora dos templos.

Nunca se viu tanta propaganda nas redes sociais de cantoras, pastoras e missionáras, de suas grifes de roupas, de óculos, de bijouterias e tudo com "cunho" cristão. São bordões que viram grife de camisetas; são estampas baseadas em textos bíblicos que se tornam "proféticos" (e olha que eu não estou aguentando mais ouvir esse termo de tanto que tem sido usado sem necessidade) e o povo compra as roupas para ser abençoadas; são tênis com nome de cantor como marca; até mesmo Bíblias estão sendo editadas com nome de "famosos" para atrair compradores, coisa que antigamente só tinha o nome de teólogos e estudiosos que desenvolviam bíblias de estudos para auxiliar os leitores em suas pesquisas.

E agora, o ápice do comércio tem sido as cantoras e missionárias "famosas" viverem fazendo marketing de profissionais que estranhamente se dispõem a "cuidar" delas por amor. São odontólogos, personal hair (antigamente era cabeleireiro mesmo rsrsrsrs), manicures, tem até mesmo nutricionista. Aí a "famosa" divulga a foto do profissional e junto vem um texto enorrrrrrrrrrrrrrrrrrme de agradecimento pelo CARINHO com que o dito profissional tem cuidado dela.

Sem contar as fotos dos vários presentes que elas recebem quando viajam, que não são apenas coisas simples, como rosas ou chocolates, vão de jóias a calçados de marca.
Não sei se é muita ingenuidade ou má fé mesmo, porque na verdade o que eu tenho visto é que essas mulheres estão se tornando "moeda de troca" e seus perfis "vitrines" de seus "patrocinadores". Lamentável!

O que antes era motivo de total abstinência, hoje tem se tornado um mercantilismo descarado e tudo "pra glória do Senhor". Se isso tem irritado a mim, imagino se Jesus estivesse vivendo em nossos dias como não ficaria.

É muita ostentação pra pouco Evangelho! É muito EU para pouco Deus! É muita concessão para pouca conversão!